sábado, 28 de janeiro de 2012

... menos saber que você ainda me ama.

Apesar de o número não estar gravado nos meus contatos eu sabia de quem era, sabia exatamente. Conhecida a pessoa que estava por trás dessa ligação. Preferi não atender na primeira vez, mas eu conheço, sei que vai ligar de volta. E se precisar vai ligar em todos os telefones pra poder falar comigo. Resolvi atender na segunda vez pra acabar com essa sua mania de uma vez e pedir pra parar de me ligar:
— Oi, eu já disse pra você parar de me ligar não disse? Chega Caio. Pelo amor de Deus me deixa em paz…
— Você precisa escutar o que eu tenho pra te dizer, por favor, é a última vez. Eu prometo.
 — É sempre a última vez. Você já percebeu que eu estou bem, as coisas estão na maior normalidade e você resolve aparecer de volta dizendo coisas bonitas e depois some? Aí eu volto a ser a mesma merda, incrível essa sua capacidade.
 — Eu prometo por tudo que é a última vez, eu não ligo mais, nunca mais.
 — Tá. Fale logo! — Eu podia ver seu rosto me pedindo, por favor, e sabia que ele estava chorando apesar de tentar disfarçar eu sentia isso na voz.
 — Lembra aquele dia que a gente se falou? Que eu disse que tinha conhecido uma pessoa especial? Era mentira. Era só mais uma mentira minha pra ver a sua reação. Pra saber se você sentiria uma ponta de ciúmes, se você diria que ainda gosta de mim. Mas você está tão diferente, tão distante, isso me dói. É dói. Seu olhar parecia tão frio comigo. Não quis me ver uma última vez. Fiquei com medo de aparecer aí e você me rejeitar como tem feito com os telefonemas. Mas eu só queria te ver uma última vez. Poder segurar seu rosto e falar que eu ainda sou teu. E ouvir que você é minha. Que ainda sonha com nós juntos mais uma vez, aí eu te diria que lutaria com esse maldito tempo só pra te ter ao meu lado. Eu fugiria como um louco pros seus braços. Te faria sorrir com as minhas novas juras de amor. Eu queria saber se você ainda sente, ou se até isso eu consegui destruir em você, se ainda há lembranças ou você deu um jeito de apagar-las. Me diz que ainda tem os nossos vídeos guardados em uma pasta bem escondida da sua mãe. Diz que ainda escuta nossa música antes de dormir e lembra como eu a cantava pra você. Você lembra-se do nosso primeiro beijo? Eu lembro, lembro de como você ficou sem jeito. Lembro como se tivesse acontecido há dois minutos. Ainda sou capaz de escutar sua voz chamando meu nome. Vejo constantemente seu sorriso largo e branco. Seus olhos furiosos comigo. Sou capaz de materializar você do meu lado nesse momento, mas não posso te tocar. Vejo todas as fotos em que você está comigo, mas isso não tem diminuído as saudades, isso só tem aumentado. Vou pra praia e só me lembra você, nós dois abraçados e você pedindo pra eu parar de te fazer cócegas. Sei que isso pode parecer estranho pra você, eu admitindo que errei, que fui o mais babaca de todos por te perder, mas é verdade. Esses dias a mãe perguntou de você, tem noção do quanto me doeu dizer que eu não sabia se você estava bem? Tem noção do quanto eu quero tentar cuidar de você? Eu preciso voltar a ouvir sua risada quando eu acordo. Eu preciso te ter de volta nos meus braços. E tudo que eu falo só envolve você, você e mais você. Falando em você, talvez em nós. Você ainda me ama? Porque eu não deixei de fazer isso um dia sequer.
 — Eu, eu…
 — Diz pra mim, diz.
Eu não consigo, eu não poss…
— Eu imaginei que fosse tarde demais, me desculpe por ter errado até nisso.
 — Calma Caio, eu preciso te dizer que ain… — Não dava mais tempo. Ele já tinha encerrado a chamada e com certeza tinha desligado o celular também. Eu esperava qualquer coisa hoje, menos você. Eu esperava qualquer surpresa, menos saber que você ainda me ama.

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