terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Carta de uma suicida encontrada em 1883.

Segunda-feira, 13 de março de 1883. Olá familia e amigos. Sei que nesse momento lhes passam pela cabeça milhares de pensamentos e perguntas.. pois bem, estou deixando esta carta para lhes esclarecer e dizer algumas coisas. Bom, há tempos que minha vida já não era a mesma. A tempos que já não era feliz. As coisas mudaram desde que papai se separou e minha irmã se foi. A mamãe mudou bastante comigo, parece que não já tem aquele amor de mãe pela filha. Eu sempre fiz de tudo para que ela voltasse a me amar, mas não, ela me odeia. Acho que mamãe acha que sou a culpada pela separação e pela morte de minha irmã. Não sei porque, mas acho. O vovô esta doente, a beira da morte. Todos pensam que não sei, pois bem.. eu sei. Não suportaria jamais ver meu segundo pai morrer, jamais. Afinal, ele sempre cuidou de mim, sempre me acolheu e me fez bem. Vovó partiu a muito tempo e assim, me deixou em depressão. Ninguém nunca soube, pois sempre fingi alegria e tranquilidade para que meu avô não ficasse pior. Papai me batia com frequência, se lembra mamãe? pois é, aqueles tapas deixaram marcas em minha vida e em minha alma. A alguns dias descobri que meu namorado me traia com minha melhor amiga.. chorei, chorei, chorei.. me cortei, me embebedei na esperança de esquecer. Mas não. De nada adiantou. A dias eu venho sofrendo com tudo o que me aconteceu, a dias eu choro à todo momento. Passei a me cortar e beber sem parar. Por isso é que sempre uso blusas de frio, lembra vovô? o senhor ainda me disse que estava calor, mas eu disse que estava com frio. Não como a 3 dias. Mal me levanto da cama. A um bom tempo eu respirava só por respirar. Já pensei em suicidio mas até então nunca o fiz.. pois não queria ver meu avô sofrendo. Mas me lembrei do que ele me disse um certo dia, quando estava enxugando suas lágrimas pela morte da vovó; ’ Filha, eu jamais aguentaria te ver sofrer, jamais.’ Pois então.. eu estava sofrendo vovô. Sofrendo demais. Me desculpa por isso. Hoje de manhã me levantei decidida a mudar minha vida, a mudar meu comportamento. Mas então achei na escrivaninha da mamãe um bilhete escrito por ela que dizia: ‘Não aguento mais esta vida, minha filha é uma desgraça que aconteceu em minha vida, já não há quero mais meu Deus.’ Eu chorei. Chorei como nunca havia chorado. Me senti a pior pessoa do mundo, afinal, minha mamãe, minha mamãe que sempre amei disse que não me aguentava mais.. como se eu fosse um peso em sua vida. E pensar que no dia anterior havia feito um lindo cartão dizendo: ’ Parabéns mamãe, eu te amo e você é a minha vida.’ Era aniversário dela, mas ela nem ao menos ficou em casa, então não pude entregar o cartão. Eu estava arrasada chorando muito, tanto que mal conseguia respirar. Entrei no banheiro e enfrente ao espelho minha vida inteira se retrocedeu em meus pensamentos.. tudo o que haviam me dito e o que havia acontecido. Deitei-me na banheira e deixei a tornei a berta enquanto chorava e passava a gilete com todas as forças sobre meus pulsos. O sangue escorria, deixando a água vermelha. As lágrimas caiam. Não deveria, mas fiz. Dei meu ultimo suspiro e fui. Fui para algum lugar, que seja lá onde for, vou sempre olhar para vocês e guarda-los. Me desculpe, vovô. O senhor sempre vai ser meu vovô querido, meu pai. Adeus. Ah e.. mamãe, eu sim te amo! e você nunca foi um peso na minha vida. Adeus. Eu amo vocês. “Esta carta foi encontrada pelo avô de Ana, ao lado de seu corpo no banheiro de sua casa. Semanas depois o avô de Ana se foi, e sua mãe cometeu suicidio da mesma forma que sua filha deixando um bilhete do lado onde dizia: ’ Ana, eu te amo’. “

Um comentário:

  1. Nossa, que triste e macabro! Sei lá, é lindo, mas é tão depressivo!

    http://pamlobo.blogspot.com/

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